quarta-feira, 16 de março de 2011

Implante Coclear


Nesta postagem intendemos em transmitir informações básicas acerca do Implante Coclear. Há, claro, outras formas de apresentá-las - a posição do surdo com respeito ao IC, por exemplo (e neste nos ateremos posteriormente) -, mas neste primeiro momento, nosso interesse é que conheçamos o que é, como funciona e as dúvidas frequentes relacionadas a este aparelho e ao procedimento cirúrgico qu eo envolve.

O Implante Coclear (IC) é um dispositivo eletrônico, parcialmente implantado, que visa proporcionar aos seus usuários sensação auditiva próxima ao fisiológico. O IC é visto como uma boa opção aos portadores de surdez neurossensorial de severa a profunda que não têm condições de escutar e compreender a fala, ou mesmo que escutando alguns sons, essa sensação não é suficiente para o uso social ou profissional.


Como é o Implante Coclear


O IC possui uma parte externa e outra interna.


A parte externa é constituída por um microfone, um microprocessador de fala e um transmissor.


A parte interna possui um receptor e estimulador, um eletrodo de referência e um conjunto de eletrodos que são inseridos dentro da cóclea. Esse dispositivo eletrônico tem por objetivo estimular, através desses eletrodos implantados dentro da cóclea, o nervo auditivo que, por sua vez leva os sinais para o encéfalo onde serão decodificados e interpretados como sons.

O mau funcionamento ou a inexistência das células ciliadas internas é a principal causa da perda auditiva neurossensorial. Isso pode ocorrer por várias motivos, dentre eles estão: doenças genéticas ou infecciosas (como rubéola e meningite); exposição exagerada a sons muito intensos; a utilização de drogas ototóxicas (como canamicina, estreptomicina e cisplatina); processo natural do envelhecimento.

É possível que em alguns indivíduos o nervo auditivo esteja danificado ou ausente. É isso que acontece em alguns casos de surdez congênita, em alguns tipos de fraturas especificamente localizadas na região do crânio onde o nervo auditivo está abrigado ou ainda devido a remoção de tumores.

Entre as décadas de 80 e 90 ocorreu grande revolução na área dos ICs, devido a maior investimento em pesquisas. Até 1988 cerca de 3 mil pacientes haviam recebido o IC; em 1995 este número subiu para 12 mil; até o ano de 2008 este número já ultrapassa 120 mil. Segundo Gilford et al (2008) muitos pacientes conseguem atingir uma pontuação entre 90 e 100% de acerto nos testes padrões de inteligibilidade de sentenças em ambiente silencioso. Um grande desafio para os futuros ICs é melhorar o desempenho em ambientes ruidosos.

Perguntas frequentes sobre o Implante Coclear:


1)Qual paciente pode se beneficiar do implante coclear?

A indicação de implante coclear é bastante trabalhosa e envolve um grande número de critérios. De um modo geral o implante está indicado para pacientes que tem surdez sensorial e bilateral e que não obtiveram resposta satisfatória com o uso de próteses auditivas convencionais. O tempo de surdez também é outro fator importante: quanto mais tempo o paciente fica privado de escutar, mais difícil será sua reabilitação. Para que uma pessoa saiba se ela é ou não candidata é preciso uma avaliação detalhada de um grupo especializado em diagnóstico e tratamento da surdez.

2)É verdade que o implante coclear pode atrair raios?

Não. O implante coclear é uma prótese implantável, feita de titânio ou cerâmica e não atrai raios ou qualquer outra forma de energia.

3)A unidade interna tem baterias?

A unidade interna dos implantes cocleares atuais funcionam através do uso de radio freqüência para abastecimento de energia. A mesma radio freqüência que é usada para transmitir informações para a unidade interna, é usada para o funcinamento da mesma.

4)Como é o som que um paciente implantado escuta?

A qualidade ou tipo de som que um paciente implantado escuta depende de vários fatores: o tempo de privação auditiva, a causa da surdez, a estratégia de estimulação usada, o número de eletrodos implantados. Desta maneira fica difícil dizer como é a sensação sonora de um paciente implantado. Cada um terá uma experiência individual. O objetivo final é dar um apoio a comunicação do paciente surdo.

5)Qual a diferença entre o implante coclear e os aparelhos auditivos convencionais?

Os aparelhos de audição só amplificam os sons. Isto é, quando a pessoa escuta menos é como se você aumentasse o volume dos sons do ambiente. Agora, quando a pessoa não escuta nada não adianta aumentar o som. É como um indivíduo cego usar óculos.

Visto isso, é fácil entender por que nestes casos não adianta usar um aparelho de audição convencional.

O aparelho de implante coclear não aumenta os sons. Ele é um estimulador elétrico. Na verdade, ele fará o papel de todo o ouvido. Este papel consiste na captação do som, transformação do mesmo em estímulo elétrico e estimulação do nervo auditivo diretamente. Não há necessidade de orelha, membrana do tímpano, ossos do ouvido e cóclea.

Portanto é importante compreender que o implante coclear não devolve a audição normal à pessoa e que a qualidade do som percebido é diferente, mas a pessoa com uma reabilitação adequada feita depois da cirurgia vai aprendendo a compreender os novos sons. Se a pessoa já escutou antes provavelmente se lembra dos sons. Eles serão diferentes, porém ela poderá associá-los aos sons escutados e então relacionar. Imagine como se ela estivesse aprendendo uma nova língua totalmente diferente.

6)Tenho que usar prótese auditiva antes de ser candidato ao Implante Coclear?

Na maioria dos casos a indicação do Implante Coclear está ligado ao uso da prótese auditiva: o paciente tem que usar a prótese auditiva para a equipe chegar a conclusão de que o ganho de audição que a prótese fornece não é suficiente para dar ao paciente um bom desempenho de comunicação. Portanto o ideal é que o paciente já chegue na primeira consulta usando a prótese.

7)Após a cirugia de implante coclear eu poderei falar ao telefone?
O paciente poderá falar ao telefone aproximando-o do microfone receptor do aparelho que fica acoplado à unidade externa junto à orelha. A capacidade de "entender" ao telefone varia muito de caso a caso e depende de vários fatores como tempo e causa da surdez. Entre nossos pacientes uma grande parte consegue conversar perfeitamente ao telefone.

Fonte: http://www.implantecoclear.org.br/

sábado, 8 de janeiro de 2011

Surdez e Prevenção




Surdez - o que é?

É a perda total ou parcial da audição, que pode ser unilateral ou bilateral. A surdez não afeta o desenvolvimento cognitivo do individuo, portanto ele pode ser surdo e ter uma vida normal como qualquer outro, exceto que sua forma de comunicação não é oral-auditiva, mas visual-espacial, através de uma língua de sinais.

O surdo não é mudo. O fato de ele não ouvir o faz ter receio de falar, por não saber modular sua voz, ou mesmo por não ter interesse em aprender a falar, por não ser natural para ele.

Culturamente, surdo é aquele que usa uma língua de sinais para se comunicar. Cientificamente, toda perda de audição é chamada deficiência auditiva.


Informações sobre surdez, suas causas e prevenção


A surdez pode ser:

Pré Natal – causada por problemas durante a gravidez, como falta de um bom acompanhamento pré-natal, nutrição inadequada (ou desnutrição) durante a gravidez, rubéola na gestante, uso de drogas e consumo de álcool, etc.

Peri Natal – traumas de parto.

Pós Natal – após o nascimento, como meningite, sarampo, otites recorrentes.


Das causas pós-natais, a surdez ainda pode ser:

Pré Lingüística: quando o indivíduo fica surdo antes da aquisição da língua oral auditiva (no caso do brasileiro, o Português). A surdez é chamada de pré-lingüística quando ocorre antes do terceiro ano de vida.

Pós Lingüística: ocorre após a aquisição da língua oral auditiva – dos quatro anos em diante. Quanto mais velha a pessoa, menos confortável ela se torna para aprender uma Língua de Sinais.


Prevenção:

O acompanhamento pré-natal pode ajudar a identificar muitos problemas e é uma forma de prevenção não só de surdez, mas de muitas outras deficiências no bebê.

Boa alimentação durante a gravidez, ingestão de vitaminas necessárias ao bom desenvolvimento do bebê também estão entre as formas de prevenção.

Atentar para as vacinas dos bebês e crianças. Ainda há crianças que sofrem com meningite e sarampo, por isso, convém que os pais ou responsáveis levem suas crianças para ser vacinadas corretamente.

Observar se a criança sente dores de ouvido. Otites que se repetem com muita freqüência podem causar perda da capacidade auditiva!


Precisamos cuidar de nossa audição também, pois a perda auditiva não ocorre apenas com crianças ou como seqüela de algum tipo de doença infecto-contagiosa.

Este é um cuidado que muitos não tomamos. Podemos perder a audição em um acidente, de forma brusca, ou perdê-la por causa de ruídos. A perda de audição é irreversível! Cuidado com MP3, fones de ouvido, exposição ao ruídos (shows, som elevado, máquinas sem EPI).

Alguns sintomas de perda auditiva incluem:
- Dificuldade para escutar em reuniões públicas, salas de concertos, teatros, local detrabalho, etc.
- Dificuldade para escutar a televisão e/ou telefone.- Dificuldade para entender a conversação em um grupo de pessoas.
Os indivíduos afetados por uma perda auditiva freqüentemente desenvolvem formas para tentar ouvir melhor em situações difíceis. Essas formas incluem:
- Pedir aos outros que repitam as falas.- Virar a cabeça de lado direcionando-a para os sons ou para quem está falando.- Elevar o volume da TV, rádio ou equipamento de som.- Evitar reuniões sociais.- Fingir entender a mensagem recebida.

Aparelhos Auditivos:

Os recursos para amplificação da audição não são tão antigos. O primeiro foi desenvolvido por Graham Bell, em 1886, a partir da mesma tecnologia do telefone. Apenas a partir de 1925 os aparelhos auditivos passaram a se parecer com o que conhecemos hoje, com níveis de amplificação.

Os aparelhos auditivos são um apoio, não cura da surdez ou deficiência auditiva. Ajudam a potencializar o resto auditivo, de modo que o individuo saiba tirar o melhor proveito de seu percentual de audição.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

História dos Surdos

Iniciamos com esta postagem uma série que tratará do povo Surdo e da surdez em seus diferentes aspectos. Este primeiro tratará da História dos Surdos e então poderemos entedê-los um pouco melhor como indivíduos e como grupo social.

“Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros
bravios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam
contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos, se nascerem
defeituosos e monstruosos. Afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para
distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis.”
Séneca
Palavras, com seus significados no grego:

“Surdo”: significa falta, menosprezo.
“Mudo”: qualidade de vazio, feio, privado de cor.

A educação na Antiguidade dava especial atenção à beleza e ao corpo, por isso, crianças nascidas com alguma deformidade física poderiam ser assassinadas com a permissão do Estado. Eram jogadas de penhascos, no mar. Imagine que um 'deficiente' físico é percebido logo em bebê, no caso de um cego, um pouco mais tarde, no caso de um surdo, apenas ali pelo terceiro ano de vida (considerando que não havia tecnologia e medicina como hoje). Matavam-se crianças que já raciocinavam e compreendiam muito do mundo ao seu redor!

Na Idade Média, cria-se que o pensamento só se desenvolvia através da palavra articulada, desconsiderando a pessoa surda, que não tinha direito à herança, ao matrimônio e de celebrar a missa (falamos de um universo em que havia somente uma religião insiyuida oficialmente).

Nos séculos XVI, XVII e meados do século XVIII, era privilégio de surdos de famílias nobres que seus herdeiros soubessem ler, escrever e falar, para que fossem considerados capazes perante a justiça.

Em 1755, o abade Charles Michel de L’Épée iniciou um trabalho revolucionário. Fundou uma escola para surdos e treinou vários professores. Até 1789, fundou 21 escolas de surdos espalhadas pela Europa.

Em 1791, o gramático francês Roch-Ambroise Cucurron Sicard assumiu a coordenação do Instituto Nacional para Surdos-Mudos em Paris.

Em 1815, o professor Thomas Hopkins Gallaudet, conhece Sicard, viaja para a França, volta aos Estados Unidos, implanta o uso da Língua Gestual Americana na educação de surdos, juntamente com o francês Laurent Clerc (surdo e educador).

Em 1850 nas escolas de surdos havia uma proporção de 50% de surdos professores de surdos. Nessa época já havia surdos filósofos, escritores, engenheiros, intelectuais...

Alexandre Graham Bell, cientista, defensor do oralismo, trabalhava na oralização de surdos. Casado com surda, opunha-se à Língua de Sinais e às comunidades surdas – considerando-as um perigo contra a sociedade.

Conflitos e discussões: Europa dividida entre a Língua de Sinais (método francês) x Oralismo (método alemão). Em Milão, 1880, Congresso Internacional de Educadores de Surdos, (durante 3 dias) 200 pessoas de diversos países da Europa e da América reuniram-se para a proibição do uso da Língua de Sinais nas escolas.

Até séc. XIX a surdez era considerada um enfermidade, que precisava ser corrigida.

Em 1889, Paris - Congresso Internacional de Surdos: ficou marcada a dissensão entre surdos e ouvintes.

No BRASIL (1855): professor francês Ernesto Huet, fundou a primeira escola para surdos, atual INES – RJ. Era o Imperial Instituto de Educação de Surdos.

Correntes educacionais:

Oralismo: ensino da palavra articulada. Sem êxito na alfabetização em mais de 90% dos casos de surdos profundos, pois parte do universo do ouvinte.

Comunicação Total: mímica, pantomima, gestos, sinais, estimulação auditiva, adaptação de aparelho de amplificação sonora individual, leitura labial, oralização, leitura e escrita. Comunicação: Bimodal - oral com sinais - ineficaz, pois perde elementos das duas linguas.

Bilinguísmo: proposta educativa apoiada no uso da Língua de Sinais e da língua escrita.

ATUALMENTE...

Lei 10.436/2002 – LEI DE LIBRAS

LIBRAS - meio legal de comunicação e expressão. O Poder público é responsável pela sua disseminação.

Decreto 5.626/2005 – regulamenta as lei 10.436/2002 e o art.18 da Lei 10.098/2000;

Inclusão da LIBRAS como disciplina curricular;

Formação do professor e do instrutor da LIBRAS, e do tradutor e intérprete da LIBRAS – Língua Portuguesa;

Uso e da difusão da LIBRAS e da Língua Portuguesa para o acesso das pessoas surdas à educação;

Garantia do direito à educação e à saúde dos surdos;

Papel do poder público e das empresas no apoio ao uso e difusão da LIBRAS.

Lei 12.522/2007 (Projeto de lei n.º 1211, de 2003 do Deputado Jonas Donizette - PSB).

Torna obrigatório o diagnóstico da audição em neonatos nas maternidades.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Crer com o coração e confessar... com a boca?

“Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo” Rm. 10.9 (NVI).


Sempre que falamos em aceitar a Jesus como Único Senhor e Salvador, acabamos por nos remeter a este texto, por explicitar o que precisa ser feito. O que Cristo fez para que fossemos salvos foi algo público (publicamente nos comprou, pagou o valor do resgate por nós), e nossa confissão precisa ser pública.

E nosso objetivo é falar acerca desta confissão pública. Certo dia surgiu a seguinte pergunta: “Se a passagem bíblica diz confessar com a boca, como o surdo vai confessar a Cristo como seu Senhor e Salvador?”

Tal pergunta rendeu-nos um bom período de reflexão, até chegarmos aqui (não porque não crêssemos que a confissão sinalizada não fosse válida, mas porque nossos irmãos mereciam ter sua dúvida respondida).

Sabemos que a fé precede a confissão (ὁμολογέω – homologeos), que implica em reconhecer. Só se reconhece algo em que se acredita, assim aquele que confessa a Jesus Cristo como seu Único e Suficiente Salvador só o faz porque crê, reconhece que Ele é Filho de Deus, que entregou sua vida para que fossemos salvos e ressuscitou dentre os mortos e que é Senhor de sua vida.

O crer é no coração, que na Palavra de Deus representa diferentes instâncias, todas elas imateriais – o coração pode representar o centro da pessoa (seu espírito), também pode representar seus pensamentos, sentimentos e emoções (alma). Mas qual é nosso interesse em analisar tudo isto?

Chegar ao confessar com a boca! A apalavra traduzida como boca é στόμα (stoma), cujo significado é abertura (ou corte). No texto grego está escrito que a confissão deve passar pela abertura (confessar pela boca). E chegamos ao ponto!

Ser salvo, aceitar a Cristo como Senhor e Salvador, é nascer de novo (Jo. 3.1-8), e podemos até fazer analogia com o processo pelo qual nasce uma criança. Esta criança, embora exista, ainda não foi vista, ela precisa passar por uma abertura que a trará do “invisível” para o visível. Da mesma forma se dá com o novo nascimento. Crê-se no coração (centro, ventre, âmago – todas são palavras que representam espírito), e confessa-se a partir de uma abertura, no grego, stoma (literalmente abertura, ou corte – no rosto, de acordo com o contexto do versículo; figurativamente implica em linguagem, capacidade de comunicação).

Assim, aquele que crê no coração confessa a partir desta abertura que gera a nova vida, que aceitou a Cristo como seu Único e Suficiente Salvador.

Na verdade, nunca nos preocupamos com a forma como esta confissão acontece, desde que haja o “parto” de uma nova vida. Aconteça ele em Português ou em Língua de Sinais. O que buscávamos era esclarecer que o novo nascimento, a salvação não está limitada pela falta de um sentido, ou pela dimensão cultural do homem, pois:

“... aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se
tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram de descendência natural, nem
pela
vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de
Deus.” Jo.
1.12,13 (NVI)


Enquanto “partos” estão acontecendo, nos alegramos no Senhor!